Ala Radical da direita toma posição na Disputa EUA x China
Leitadas se pronuncia em discussão intensa com Brasil em Fúria

No complexo cenário político brasileiro, onde as divisões ideológicas se entrelaçam com questões globais de poder e influência, emerge uma faceta particularmente radical da direita: a ala vaporwave. Essa corrente, caracterizada por uma estética retrô-futurista inspirada na cultura digital dos anos 80 e 90, misturada a memes, ironia e críticas acirradas ao establishment, tem um papel histórico como a ala mais radical, com uma postura anti-establishment e pró-ocidental. Perfis como @Iamnotjiao e @L3itadasl03n (conhecido como Leitadas) exemplificam essa tendência, posicionando-se firmemente contra o que veem como influências autoritárias "chinesas" no Brasil, enquanto defendem ações impetuosas da era Trump e símbolos americanos como forma de resistência à esquerda local.
Essa ala não se alinha cegamente ao bolsonarismo tradicional, mas usa sua plataforma para destacar valores universais como liberdade de expressão, soberania individual e oposição a estruturas de poder centralizadas. Em meio a debates acalorados sobre a disputa global entre Estados Unidos e China, esses influenciadores argumentam que o Brasil corre o risco de cair em padrões de dominação semelhantes aos do regime chinês, onde o Estado detém controle absoluto, incluindo pena de morte, armas nucleares em mãos de partidos políticos e um judiciário com poder soberano irrestrito. Essa visão ganhou tração recente em uma discussão pública com o perfil @brasilemfuria (Brasil em Fúria), um monarquista e nacionalista que defende a soberania brasileira acima de intervenções estrangeiras, revelando fissuras internas no debate público brasileiro.
O Contexto Geopolítico: EUA x China e o Brasil no Meio do Fogo Cruzado
Para entender o posicionamento dessa ala radical, é essencial contextualizar a crescente tensão entre EUA e China, que afeta diretamente o Brasil. A China, sob o regime do Partido Comunista Chinês (PCC), tem expandido sua influência na América Latina por meio de investimentos em infraestrutura, comércio e parcerias políticas. No Brasil, isso se manifesta em acordos bilaterais, como a recente Declaração Conjunta Brasil-China assinada pelo governo Lula, que inclui itens controversos como o reconhecimento de Taiwan como parte inseparável da China e o apoio à "reunificação pacífica" – uma posição que ignora o caráter democrático de Taiwan e alinha o Brasil com a retórica expansionista de Pequim. Críticos, incluindo a ala vaporwave, veem isso como uma entrega de soberania, comparando-a a "caminhos tipicamente chineses de dominação", onde o Estado centralizado suprime dissidências com ferramentas como pena de morte para opositores políticos, controle nuclear absoluto e um judiciário subserviente ao partido no poder.
Do outro lado, os EUA, especialmente sob a influência trumpista, posicionam-se como defensores da liberdade contra o que chamam de "ameaça comunista chinesa". Relatos indicam que os EUA estão preocupados com a "invasão" chinesa na América Latina, incluindo o Brasil, onde facções narcotraficantes – supostamente ligadas ao PT – são vistas como potenciais narcoterroristas. Bolsonaro, por exemplo, é descrito como um agente pró-EUA, enquanto Lula e Alexandre de Moraes seriam alinhados à China. Essa narrativa é ecoada em posts como o de @CajiSaldanha, que descreve o Brasil como palco de uma "guerra fria" entre as duas potências, com Lula usando o Itamaraty para intimidar críticos e alinhar o país aos BRICS, grupo que inclui China e Rússia.
A ala vaporwave, nesse contexto, opta explicitamente pelo lado americano. Eles defendem ações como hastear a bandeira dos EUA em manifestações e elogiam as políticas de Trump contra a "elite política da esquerda", especialmente contra figuras como Alexandre de Moraes, ministro do STF acusado de censura e perseguição política. Essa postura reflete uma rejeição ao que veem como "valores chineses" infiltrando o Brasil. Eles veem o PT e o STF como extensões de um modelo de dominação onde o Estado detém ferramentas absolutas de controle, similar à China, onde dissidentes são executados, o nuclear é monopólio do PCC e o judiciário serve ao partido.
A Treta entre Leitadas e Brasil em Fúria: Soberania vs. Valores Universais
A discussão recente entre @L3itadasl03n (Leitadas) e @brasilemfuria (Brasil em Fúria) exemplifica as tensões internas na direita brasileira, especialmente no contexto US x China. Em uma série de trocas acaloradas no X, datadas de 08 e 09 de setembro de 2025, os dois debatem soberania nacional versus intervenção estrangeira, com referências implícitas a modelos autoritários.
Tudo começa com Brasil em Fúria provocando Leitadas sobre uma "chapa TarCiro" (Tarcísio de Freitas e Ciro Gomes), chamando os apoiadores de Leitadas de "doidinhos" e prevendo que seriam "moggados" (derrotados) por uma aliança nacionalista. Leitadas responde com ironia, postando uma imagem, ao que Brasil em Fúria rebate chamando-o de "jacobino invejoso" e elogiando a chapa como união de classes contra o "estamento burocrático" – uma crítica ao judiciário e ao PT, vistos como soberanos absolutos. Essa troca evolui para debates mais profundos sobre soberania: Brasil em Fúria acusa Leitadas de hipocrisia por apoiar Trump (chamado de "presidente envolvido na Ilha de Epstein") e o "Satã do Norte" (EUA), enquanto defende a independência brasileira contra intervenções estrangeiras, incluindo as dos EUA.
Leitadas, por sua vez, defende valores universais, argumentando que defender Lula e Moraes é equivalente a apoiar "mais 16 anos de PT soberano" e "30 anos de Alexandre de Moraes no STF". Ele compara o poder soberano no judiciário brasileiro a "caminhos tipicamente chineses", onde o Estado detém pena de morte, bombas nucleares (metaforicamente, no PT) e controle absoluto, suprimindo liberdades. Leitadas vai além, dizendo que apoiaria até o Mossad para derrubar o regime, priorizando a democracia sobre soberania nacional absoluta. Brasil em Fúria rebate, chamando-o de irracional e emocional, defendendo que Lula e Moraes são "temporários", mas o Brasil é "eterno", e propondo soluções internas como a chapa TarCiro para uma economia de mercado multipolar.
Essa treta revela uma divisão: de um lado, nacionalistas como Brasil em Fúria, que veem qualquer apelo internacional (como a Trump) como traição, similar ao que Lula tentou em 2018; do outro, radicais vaporwave como Leitadas, que priorizam valores universais anti-autoritários, vendo o alinhamento Brasil-China como ameaça maior. Em posts paralelos, Brasil em Fúria critica o apoio a leis estrangeiras para mudar decisões nacionais, enquanto Leitadas ironiza a defesa da "soberania de Lula e Alexandre de Moraes".
Implicações para o Bolsonarismo e o Brasil
Posts de outros usuários, como @giraldirenato, destacam como Trump pressiona a América Latina a escolher lados, com o Brasil no centro devido a sua importância econômica. Lula, por sua vez, é acusado de provocar os EUA, como em declarações na CNN criticando Trump pelo Capitólio, o que poderia levar a tarifas sobre o agro brasileiro.
No fundo, a treta reflete um Brasil dividido entre soberanistas que temem perda de independência para os EUA e universalistas que veem a China como modelo de dominação a ser combatido. Com o governo Lula aprofundando laços com Pequim – incluindo acordos que ignoram violações de direitos humanos na China, como campos de concentração e pena de morte para dissidentes –, a ala vaporwave alerta para um "Brasil chinês", onde o PT detém o "nuclear" político e o judiciário soberano esmaga oposições.
Essa dinâmica não é isolada. Posts como o de @brasildefato mostram Lula elogiando debates históricos sobre ditadura militar, enquanto críticos como @leonardo1opes denunciam prisões arbitrárias no Brasil atual, comparando-as à "democracia do terror". A ala vaporwave, com sua estética irreverente, amplifica essas críticas, usando memes para expor hipocrisias.