ANÁLISE: Ratinho Júnior, China e Estados Unidos
Acordos do governo de Ratinho Júnior com a China seriam alarmantes para relações com os EUA.

14/09/2025 # Introdução Recentemente, neste jornal, fiz uma série de textos acerca da política externa americana, em especial acerca do atual conflito que ocorre e que arranja escala cada vez mais entre Estados Unidos e China. Especialmente com o governo republicano, os EUA estão deixando de lado a ideia de uma "integração comercial com o mundo" como solução para os problemas do autoritarismo chinês e das expansões russas. Isso se coloca de uma forma muito simples: Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA (isto é, o comandante da política externa do país) lamenta que os EUA tenham auxiliado a China e colocado-a na OMC (Organização Mundial do Comércio), isso deu início à ascensão econômica chinesa. Para Rubio, o Estado Chinês tem uma ambição de dominação global e desafia a ordem americana. Para isso, o secretário de Estado propõe uma nova política externa, que envolve pressionar alianças estratégicas (com o Brasil, Índia e Taiwan, por exemplo) impor tarifas protecionistas sob a China para chamar de volta os industriais americanos para dentro do território dos Estados Unidos. Com isso, revela-se a motivação da ação norteamericana na América do Sul: a China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, e, além da Venezuela, a dependência econômica do Brasil com a China é uma das principais preocupações do Departamento de Estado americano. ## Cenário de eleições Ratinho Júnior é um dos principais nomes cotados pelo centrão para candidatura à Presidência da República. Dado o atual cenário de intervenção americana no Brasil, o centrão parece estar quieto quanto a essas tensões. Com isso, este texto visa fazer avaliações específicas de alinhamento comercial e políticos dos candidatos cotados pelo centrão, entre eles Tarcísio, começando por Ratinho Júnior. # Ratinho Júnior: suas parcerias com a China Desde 2019, o governo do Paraná sob Ratinho Junior intensificou a aproximação comercial com a China. Missões oficiais levam delegações chinesas ao estado e vice-versa. Em abril de 2019, Ratinho Jr. liderou missão à China e destacou que o país era o “principal destino das exportações paranaenses”[^1]. Em junho de 2023, ele recebeu no Palácio Iguaçu grupos chineses das áreas de infraestrutura (AVIC International) e agronegócio (Coonaal), interessados em projetos de estradas, Nova Ferroeste e no Porto de Paranaguá[^2] [^3]. O governador ressaltou o protagonismo logístico do Paraná (4ª economia do país) e o interesse em parcerias estratégicas, especialmente em obras de infraestrutura.[^4] Em março de 2023, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, reuniu-se com Ratinho Jr. para tratar do Corredor Bioceânico e de "cooperação cultural, turística e comercial" [^5] [^6]. Nesse encontro, Ratinho Jr. reiterou que a China é o maior parceiro comercial do estado, destacando que o Paraná é o "maior produtor de alimentos por metro quadrado do mundo" e vê as empresas chinesas como grandes aliadas nos investimentos de infraestrutura [^7]. O embaixador chinês frisou que corporações do país investem no Paraná em setores como agricultura, energia e infraestrutura, manifestando "grande confiança no desenvolvimento do Paraná".[^8] Isso indica que a China tem interesse em um alinhamento de longo prazo com o governo de Ratinho Junior, tal esperança parece recíproca por parte do governador do Paraná. Vale notar que essa esperança não é unicamente comercial, mas também cultural, como apontado acima. ## O hub logístico chinês da América do Sul O governo paranaense tem atraído a atenção chinesa em grandes projetos logísticos. A Nova Ferroeste, ferrovia de 1.567 km ligando o Porto de Paranaguá a Maracaju (MS)—foi apresentada a executivos da AVIC (Aviation Industry Corporation of China) e da CRCC (China Railway Construction Corporation Limited) em 2023, que avaliaram investimentos em ferrovias, rodovias e portos.[^9] [^10] Segundo o coordenador Luiz Fagundes, a habilidade chinesa em ferrovias torna a Nova Ferroeste um projeto promissor: investidores sinalizaram estudar a licitação por 50 anos para construção, visando baratear custos logísticos em até 40%.[^11] [^12] O pacote de concessões de rodovias (3,3 mil km) também foi destacado a esses grupos chineses.[^13] [^14] No setor portuário, a