O Arranjo Institucional do Brasil

Escrito por Kim Paim

Uma leitura das divisões que o Brasil enfrenta

O Arranjo Institucional do Brasil

O Brasil vive um ciclo histórico que parece resistir ao tempo. Por mais que rótulos, governos e partidos mudem, a dinâmica central permanece: o povo enfrenta um estamento burocrático e elites que, ao longo de mais de um século, têm mantido o controle do sistema financeiro, da agenda política e da narrativa dominante. O resultado é sempre o mesmo: o povo perde, enquanto as elites garantem que suas prioridades se mantenham intactas. Essas elites disputam entre si, mas, no fim, a manutenção do poder e do status quo sobrepõe qualquer disputa interna. A história brasileira é marcada por tensões constantes entre anseios populares e interesses elitistas, com rupturas ocasionais que, ainda que imperfeitas, deram sinais de resistência — seja na República Velha, na ascensão de Vargas, na República Populista ou em figuras contemporâneas como Enéas, Olavo de Carvalho e Bolsonaro. O que caracteriza o momento atual é a fragmentação dentro da própria direita. Embora o bolsonarismo represente uma resistência concreta e enraizada no sentimento popular, existe uma direita liberal que atua muitas vezes como massa de manobra, apoiando pautas sem reflexão crítica, reproduzindo chavões e sem compreender as consequências históricas ou estruturais de suas escolhas. Essa falta de coesão enfraquece o potencial de ruptura real e impede a consolidação de um projeto nacional sólido. Apoio cego a lideranças ou ideias vazias não constrói poder político;