Eduardo Bolsonaro e J.D. Vance falam em Guerra às Drogas com ajuda americana
Estados Unidos enxerga a necessidade de intervir em tráfico de drogas na América Latina

Em um momento de escalada nas tensões geopolíticas na América Latina, o deputado federal brasileiro Eduardo Bolsonaro (PL-SP) posicionou-se como uma ponte crucial entre os interesses americanos e a luta contra o crime organizado transnacional. Baseado em uma recente declaração no X (antigo Twitter), onde elogia o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, por defender o uso das forças armadas americanas contra cartéis de drogas, Eduardo convoca implicitamente uma ofensiva liderada pelos EUA contra facções criminosas internacionais.
Essa postura não apenas reflete a alinhamento histórico da família Bolsonaro com a direita conservadora americana, mas também destaca como os interesses estratégicos dos EUA na região, especialmente no combate ao tráfico de drogas e à instabilidade causada por grupos como os cartéis mexicanos, venezuelanos e brasileiros, passam por ações diretas e militares, com Eduardo no epicentro dessa construção.
A declaração de Eduardo, postada em 09 de setembro de 2025, responde diretamente a um comentário de Vance: "Killing cartel members who poison our fellow citizens is the highest and best use of our military" (Matar membros de cartéis que envenenam nossos concidadãos é o uso mais alto e melhor de nossas forças armadas). Eduardo complementa: "ISSO DAQUI É UM VICE-PRESIDENTE! Quem tem bússola moral sabe o que é o certo. O certo é combater o crime. A morte é opção do criminoso quando resolve delinquir e não se entregar."
Esse dito não é um grito isolado; ela ecoa anos de advocacy de Eduardo por uma cooperação mais agressiva entre Brasil e EUA, incluindo a designação de facções criminosas brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), como organizações terroristas, o que abriria portas para intervenções americanas.
O Contexto Geopolítico: Interesses Americanos na Luta Contra o Crime Organizado
Para entender o papel de Eduardo nesse cenário, é essencial mergulhar nos interesses estratégicos dos Estados Unidos na América Latina em 2025. A região tem sido um foco prioritário para Washington devido à crise do fentanil, uma droga sintética que mata dezenas de milhares de americanos anualmente, com origens principalmente em cartéis mexicanos como o Sinaloa e o Jalisco Nueva Generación.
De acordo com relatórios do Comando Sul dos EUA (SouthCom), redes criminosas transnacionais geram bilhões em receitas anuais, ameaçando a estabilidade econômica e democrática de países como México, Colômbia, Venezuela e Brasil. Esses grupos não se limitam ao tráfico de drogas; eles envolvem lavagem de dinheiro, corrupção de instituições e até alianças com regimes autoritários, como o de Nicolás Maduro na Venezuela, que é acusado de abrigar narco-estados.
Em 2025, sob a administração Trump-Vance, os EUA intensificaram sua abordagem. O presidente Donald Trump assinou diretivas autorizando o uso de forças armadas contra cartéis, incluindo ataques aéreos e navais em águas internacionais. Um exemplo recente foi o ataque a um barco venezuelano suspeito de transportar drogas, que resultou na morte de 11 pessoas e gerou controvérsias internacionais. Vance defendeu a ação publicamente, afirmando que "matar membros de cartéis é o mais elevado e o melhor uso do exército", uma declaração que ecoou em círculos conservadores globais.
Críticos, como o senador republicano Rand Paul, chamaram isso de "desprezível" e potencial violação de leis internacionais, argumentando que ações unilaterais poderiam ser vistas como crimes de guerra. No entanto, para apoiadores como Eduardo, isso representa uma "bússola moral" necessária para combater o que ele descreve como uma ameaça existencial.
Para além do Fentanil
Os interesses americanos vão além do fentanil. Relatórios do Banco Mundial e do Brookings Institution destacam que o crime organizado na América Latina e no Caribe custa bilhões em perdas econômicas, enfraquecendo democracias e criando vazios de poder explorados por atores estrangeiros como China e Rússia. Em um fórum internacional em 2025, organizado pela American Bar Association e pela Interpol, especialistas enfatizaram a necessidade de parcerias regionais para combater esses grupos, incluindo o congelamento de ativos e sanções financeiras.
O Brasil, com suas facções como PCC e Comando Vermelho, que operam em aliança com cartéis sul-americanos, é visto como um elo fraco nessa cadeia. Eduardo tem argumentado que designar esses grupos como terroristas permitiria aos EUA abater aviões e navios de drogas em águas internacionais, expandindo a luta para além das fronteiras mexicanas.