O Ainda Atual Bolsonaro

Escrito por Vitor Gomes Calado

Discussão sobre a viabilidade política do Bolsonarismo nas eleições de 2026

O Ainda Atual Bolsonaro

No caos político de agora, as eleições estão em alta. No Brasil, nunca imaginamos o que acontecerá daqui quatro anos, tudo é incerto. Esse clima é a "incerteza política", é uma tempestade que afasta as boas notícias do país: as pessoas que olham de longe, os outros países, ficam assustados e evitam interagir, e quem está aqui dentro quer sair. Se a tempestade fica muito forte e duradoura, alguns arriscam sair com o pouco que têm, os demais ficam no desespero, o melhor que fazem é rezar para Deus acabar com a chuva, ela acabará uma hora, pois Ele prometeu que nunca mais faria outro dilúvio, mas a questão é: quando? Os políticos de esquerda e de direita firmam candidaturas, promessas, reúnem com doadores, agendam eventos. A esquerda parece apostar em Lula de novo e, unida, focarão em se eleger e afastar os opositores das grandes decisões. Hoje, a oposição se concentra no Congresso Nacional. O presidente é uma pedra no sapato do congresso, e o congresso é uma pedra no sapato do presidente. Na prática, a política nos mostra dois brasis. As eleições ano que vem marcam a continuidade da polarização: o congresso, isto é, a "direita", quer seu candidato a presidente e parece estar bem segura quanto aos cargos de deputado, a esquerda quer perpetuar aquilo pelo que lutou com muito sacrifício para conquistar nos últimos quatro anos. Sendo inimigos mortais, Lula e Alckmin se tornaram Presidente e Vice, diversos setores do "centrão" comprometeram-se com Lula em 2022, mas hoje estão muito insatisfeitos. Resta recorrer aos demais setores com poder: os sindicatos, escolas, faculdades, cartórios, grupos empresariais. E dá-lhe promessas de cargos e dinheiro aos membros de todos esses setores. Fato é que a esquerda está lutando para não se afogar no mar, e para isso hoje quer usar tudo o que tem, inclusive suas parcerias internacionais, o BRICS entra em jogo e firma a agenda da esquerda: fechar o Brasil aos Estados Unidos e se unir ao "novo mundo": China, Rússia, Irã. A direita agora disputa sobre quem será seu candidato. Bolsonaro ou Tarcísio? Bolsonaro está inelegível, mas há intenção de alguns em fazê-lo concorrer; se não Jair Bolsonaro, então o filho, Eduardo Bolsonaro, gostaria de entrar. Ele tem a seu lado os Estados Unidos e o "bloco ocidental". Tarcísio? Pouca coisa se sabe fora que ele é o candidato que mais está agradando os parlamentares do lado direito. Temos duas dinâmicas: uma interna (os poderosos do próprio Brasil) e uma externa (a reputação do Brasil perante as potências do mundo). Até algumas eleições atrás, este país não tinha problemas com a dinâmica externa, tinha uma política "multilateral". Hoje, todavia, o mundo enfrenta tensões imensas, uma polarização geopolítica e que reflete na polarização entre esquerda e direita que o Brasil vive hoje. Eis o cenário político de hoje: dois brasis, dois povos, dois alinhamentos políticos distintos que não se conversam. Como resolver isso? Funcionalmente, o que ocorre agora é uma guerra sem combate armado, cabe aos poderosos de hoje e de amanhã pacificar esse cenário. ## Por que Jair/Eduardo Bolsonaro? ### Dinâmica interna O foco da direita se volta para uma figura que, apesar de todo incômodo que cause, é o núcleo do seu conservadorismo: Jair Bolsonaro. Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele continua a ser o nome mais influente na disputa pela candidatura da direita nas eleições de 2026. Mas se Jair não puder concorrer, seu filho Eduardo surgiria como opção, pois ele carrega o sobrenome e o legado familiar. Essa dinâmica familiar é bem velha no Brasil, mas ganha contornos dramáticos em um cenário de um Eduardo dito "exilado" e um pai que, segundo os EUA, é vítima de uma "caça às bruxas". Recapitulando a história: Jair Bolsonaro, o capitão reformado do Exército que ascendeu à Presidência em 2018 como expressão do sentimento de antipetismo e esperanças por ordem e fim da corrupção, deixou o Palácio do Planalto em 2022 após uma derrota apertada para Lula. Tornou-se inelegível em junho de 2023, quando o TSE o condenou por abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação durante a campanha de 2022. Bolsonaro foi acusado de espalhar desinformação sobre fraudes eleitorais em uma reunião com embaixadores estrangeiros, o que consideraram uma ameaça à democracia. Além disso, essa decisão soma às alegações de tentativa de golpe de Estado após os eventos de 8 de janeiro de 2023. Bolsonaro, que estava nos Estados Unidos na época, nega qualquer envolvimento, mas o STF e a Polícia Federal estão pressionando, com operações que incluíram buscas em propriedades da família. Todavia, o bolsonarismo ainda não morreu. Fábio Wajngarten chegou a dizer que "o bolsonarismo é eterno". Em agosto de 2025, protestos pró-Bolsonaro contra Alexandre de Moraes reuniram vários nas cidades, aumentando a pressão sobre potenciais candidatos para 2026. Isso é um termômetro para a base da direita: Bolsonaro é o único líder que une evangélicos, ruralistas, militares e conservadores sociais contra a tal "ditadura do judiciário". Diferente de Tarcísio, Bolsonaro possui um imenso poder de mobilização popular. Uma pesquisa recente da Quaest/Genial, divulgada em julho de 2025, mostrou que a maioria dos parlamentares brasileiros prefere que Bolsonaro fique fora da corrida de 2026, temendo que sua presença reforce a polarização e beneficie Lula. No entanto, dentro do Partido Liberal (PL), o maior da direita com 89 deputados e 14 senadores, a lealdade a Bolsonaro é predominante. O líder do partido, Valdemar Costa Neto, afirmou dia 6 de Setembro que "Não temos plano B. O nosso plano é o Bolsonaro candidato". A estratégia para contornar a inelegibilidade é aprovar a "anistia ampla e irrestrita". Projetos de lei tramitam no Congresso propondo perdão para crimes relacionados aos eventos pós-eleitorais de 2022, incluindo os do 8 de janeiro. Em setembro de 2025, Eduardo Bolsonaro subiu o tom contra o "centrão" do PL, acusando-os de tentar excluir seu pai de uma anistia para forçá-lo a endossar outro candidato. Eduardo disse: "Qualquer anistia que não seja ampla e irrestrita não será aceita". Essa movimentação ganhou força com declarações de aliados como o senador Marcos Pontes (PL-SP), que em entrevista à CNN em setembro de 2025 afirmou que a direita apoiará quem Bolsonaro indicar, mas que o ex-presidente permanece o principal nome. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) foi ainda mais direto: ["Golpe é não