A Nova Ordem Global e o papel do Brasil

Escrito por Paulo Henrique Araujo

Esse artigo trata da reestruturação global e do futuro geopolítico do Brasil

A Nova Ordem Global e o papel do Brasil

O mundo passa neste momento por uma transformação que pode mudar o nosso futuro. Esta mudança é, sobretudo, geopolítica. A geopolítica é a base que define uma parte relevante das relações entre Estados, alianças regionais e transcontinentais. Diversos interesses são moldados ou até motivo de conflitos entre nações e/ou culturas, seguindo esta premissa. Este princípio favorece e prejudica a possibilidade de uma maior prevalência política ou o potencial de diversos países. A geopolítica nos ajuda a compreender o processo complexo que está se criando para o século XXI onde, diferente do século XX, tivemos o mundo dividido entre duas superpotências hegemônicas (EUA e União Soviética) que moldaram a sua zona de influência e dividiram o mundo a partir de suas perspectivas. Porém, caro leitor, também não estamos presenciando a ascensão de um mundo multipolar como alardeado por Vladimir Putin. Esta definição atende seus interesses de ascensão para uma superpotência, condição perdida com o colapso da União Soviética. ## Qual o desafio Brasileiro? Para responder à pergunta, é necessário compreender a nova configuração traçada globalmente. Podemos definir este século como a era de ascensão das potências médias e, justamente neste ponto, entra o papel crucial da geopolítica como chave de compreensão da realidade que nos cerca, para além de fatores somente ideológicos ou político-partidários. Atualmente, temos duas superpotências que tentam exercer a sua influência no mundo: EUA e China. Logo em seguida, existem 17 potências médias, definidas por fatores diversos de cada uma (econômicos, militares, demográficos, territoriais e políticos), que buscam não somente uma posição de maior relevância, mas que também aspiram serem tomadoras de decisões, sendo estas: Austrália, Canadá, França, Alemanha, Índia, Polônia, Irã, Israel, Japão, Paquistão, Rússia, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Brasil. As potências médias, algumas mais que outras (e este ponto é importante para o Brasil), serão a força definidora de qual superpotência exercerá um poder de alcance global, quais terão uma ascendência geopolítica que possa moldar o futuro e a prosperidade de sua nação ou elite governista. Todos os 19 países listados neste artigo possuem o que chamamos de força gravitacional geopolítica, que nada mais é que a capacidade que cada um tem de definir e/ou influenciar com suas políticas o próprio país, seus vizinhos e o continente. No Oriente Médio, por exemplo, temos o choque no mundo islâmico entre persas e árabes, representados respectivamente por Irã e Arábia Saudita, sendo o Irã uma potência que tende a aplicar o seu poderio geopolítico pelo Hard Power[^1], como a sua meta de se tornar uma potência atômica, o desenvolvimento de sua indústria militar etc. Já a Arábia Saudita busca aplicar sua força hegemônica regional através do Soft Power[^2], como sua busca por integração com valores culturais de penetração “universal”, como o investimento de capital em diversos países, a busca por popularidade através do investimento estatal nas grandes estrelas do futebol etc. No exemplo entre estas duas nações, assistimos uma batalha das superpotências pelo papel que estas potências médias exercerão no seu entorno, com cada uma fazendo investimentos ao seu modo e apostando em seu “cavalo”. O Irã, sobretudo nos últimos 10 anos, tem se aproximado cada vez mais da China, por intermediação russa e recebendo importantes aportes a suas indústrias militar, atômica e petrolífera de ambos os países, em muitos casos servindo também como um ativo de alcance das políticas russo-chinesas na região ou até mesmo fora dela, como na América Latina onde por alinhamentos ideológicos os iranianos exercem influência em partidos políticos, guerrilhas e governos ligados ao Foro de São Paulo. A Arábia Saudita, por sua vez, tem nos EUA um aliado internacional importante, que lhe oferece uma agenda de integração regional e global, buscando o uso do Soft Power para isso, levando a diversos acordos outrora inimagináveis, como o, ainda em andamento, reconhecimento do Estado de Israel (fato que teria sido um dos motivadores para o Irã preconceber os ataques a Israel em 07 de outubro de 2023, promovidos pelos